Formar as crianças para a autonomia é um dos grandes desafios. Como preparar os menores para assumirem certas responsabilidades, que consigam ser ativos e participativos nas diversas áreas do desenvolvimento, biopsicossocial?
Na medida em que a criança cresce e amplia seus recursos físicos, cognitivos, emocionais e sociais obtém maior inserção no mundo, seu desenvolvimento caminha em direção a uma maior independência. Ela vai se dando conta de que certas coisas são importantes para ela e que pode realizar sozinha.
Nesse momento, as crianças começam a experimentar a possibilidade de transformar, de criar, de negociar, de questionar do que pode ou não pode realizar.
Como conduzir esse processo de autonomia da melhor maneira possível? Luciana Aguiar, psicóloga infantil (2014) descreve que “para que o processo de autonomia aconteça é necessário que a criança tenha, sempre de acordo com suas possibilidades maturacionais, oportunidade de expressar seus sentimentos, de exercitar sua capacidade de escolha, de tomar decisões, enfrentar situações e resolver problemas.” O desenvolvimento da autonomia na infância permite a construção de uma personalidade saudável e possibilitará a capacidade de resolver conflitos ao longo da vida.
Percebe-se que no ambiente escolar acontece alguns conflitos entre as próprias crianças e adolescentes. Muitas situações poderiam ser amenizadas se ensinássemos estes pequenos a refletir sobre o que ocorreu e ajudássemos a solucionar as dificuldades. Todavia, a escola se depara em muitas circunstâncias com situações desagradáveis entre pais e escola, gerada pela superproteção. Esta, impede que a criança desenvolva recursos internos para lidar com a vida e os obstáculos que impõe a todos nós. Desta forma, explica Tereza Maldonado, 2015 “o que pretendia proteger, termina por desproteger, pois torna a criança incapaz de administrar as situações com que inevitavelmente irá se deparar com o passar do tempo.”
Nós, pais, somos a peça determinante na forma como nossos filhos irão avançar e se relacionar com os desafios de suas vidas e a autonomia é sem dúvida um destes desafios. Ela está diretamente ligada, à autoestima, pois uma criança autônoma se sente capaz, tenta resolver seus problemas e desta forma aprende, a se relacionar melhor, se comunicar com outras pessoas e fazer escolhas. No livro Inteligência Emocional (1997), de Daniel Goleman há algumas reflexões e técnicas para ajudar seu filho a desenvolver a autonomia e trabalhar as questões emocionais com segurança, incentivando-o, e oferecendo opções, respeitando seus desejos.
Uma educação que preserva a autonomia, que reconhece os limites, desenvolverá um jovem autônomo que terá condições de pensar por si só, refletir com seus próprios meios, inventar ideias e teorias. Quando procuramos compreender as experiências de nossos filhos eles se sentem amparados. Sabem que estamos ao seu lado e então nos dão entrada. Abrem-se conosco e começam a confiar mais em nós para discutir seus problemas e buscar a melhor maneira de enfrentá-los, pois um jovem que é moralmente autônomo, apesar de mudanças de contexto e da presença das pressões sociais, ele permanece na prática, fiel a seus valores e princípios de ação. Nós pais, precisamos compreender que “educar leva tempo. Mas não educar leva a prejuízos por mais tempo ainda.” Leo Fraiman, 2015.
Um dos objetivos da educação dos filhos é acompanhá-los no caminho que vai da dependência do bebê para a interdependência dos adultos. O desenvolvimento da autonomia precisa estar entrelaçado com a capacidade de cuidar bem de si.
(*) Giselle da Silva Fiamoncini – Psicóloga – CRP 12/12743, Pedagoga, Orientadora Educacional, Coordenadora Pedagógica, Especialista em Psicopedagogia, Pós-Graduada em Educação Infantil; contato: [email protected]