A importância do tema proposto para este 44º Seminário Regional da Escola de Pais do Brasil (EPB) – Seccional de Curitiba, é incontestável. O seminário objetiva a reflexão sobre os perigos das drogas a que todos estamos expostos – crianças, jovens e adultos –, e sobre o desconhecimento ou acomodação diante do aumento e cada vez mais precoce consumo de drogas.
As transformações se processam no mundo atual numa velocidade assustadora, e isso influi na educação e no relacionamento com nossos filhos e no quanto marcamos suas vidas com nossa atuação, pois “não existe educação neutra” como sempre nos alertou Pe. Charboneau, um dos fundadores da Escola de Pais do Brasil.
Devemos ter ciência e consciência que a educação é permanente, e tanto o pai como a mãe são fundamentais nesta grande missão que é ajudar nossos filhos, imprimindo-lhes uma direção, amando-os, respeitando-os e confiando neles.
Mas quando o assunto é “DROGAS”? Como fica nossa confiança e segurança?
Estamos preparados a responder algumas perguntas que afligem tantos pais e educadores? Perguntas como:
Nossos filhos estão livres de envolvimento com drogas?
Estamos preparados para enfrentar este possível drama que poderá adentrar nossos lares?
Sabemos identificar os indícios do uso de drogas?
Saberemos lidar com um filho drogado?
Estamos contribuindo para que nosso filho esteja alerta e não se torne um viciado?
Por que se consomem drogas?
Quais são as drogas mais consumidas?
Com os filhos em crescimento, reflexões e preparo são necessários diante do que estamos vivendo e presenciando em nossa sociedade. Os questionamentos não são apenas pessoais, mas também de todos os pais participantes dos Círculos da Escola de Pais.
Na busca de maiores informações, deparei-me com meu primeiro grande choque a respeito do assunto quando li, anos atrás, o livro “ANJOS CAÍDOS” de Içami Tiba, atualizado com seu novo livro – JUVENTUDE & DROGAS: ANJOS CAÍDOS.
Os livros são fonte de conhecimento proporcionada por um profissional que atua dentro da filosofia da Escola de Pais, filosofia essa que todos nós pais devemos buscar. Inspirada neles, seguem algumas colocações, a fim de despertar o interesse para uma leitura mais completa e, por que não, uma releitura, qual seja o caso.
Nós pais, em nossa ingenuidade e desconhecimento, acreditamos muitas vezes que estamos livres deste problema. Contudo, assim como mulher ou homem traído, sempre somos os últimos a saber que há um problema. A ética é uma das primeiras áreas lesadas, pois antes de causar os danos físicos e psicológicos, as drogas prejudicam a relação entre pais e filhos e entre alunos e professores.
Além da educação preventiva, precisamos estar atentos e observarmos todas as mudanças que ocorrem com nossos filhos. Alguns sinais dados pelos usuários de drogas são: a disciplina se desorganiza, a gratidão se esvai, a religiosidade é menosprezada, desaparece a cidadania.
A droga desequilibra a química cerebral e provoca um prazer que reforça o consumo. A única certeza para não cair no vício é não experimentar, pois desconhecemos como nosso organismo reagirá e quantas doses, independente do tipo de droga, serão necessárias para a dependência. Normalmente, os que buscam este caminho ignoram os perigos e consequências, julgam-se onipotentes e se justificam dizendo que param quando quiser. Ledo engano…
Todos sabem que as drogas levam à dependência e à morte. Içami Tiba aborda que, conforme seus efeitos principais, as drogas podem ser divididas em três grupos básicos:
Sedativas: álcool, inalantes, calmantes e narcóticos.
Estimulantes: cocaína, crack, anfetamina, tabaco, ecstasy.
Modificadoras do humor e da percepção: maconha, cogumelos, chá de lírio, LSD.
Cada uma delas causa sensações diferentes e tem seu grupo de consumidores. Não são apenas filhos de lares desestruturados que as buscam, mas também os filhos para os quais nunca faltou amor e também os nascidos em lares com valores e harmonia conjugal. Daí a necessidade de conhecer todos os sinais possíveis, seja por meio de livros, palestras, consultas com profissionais que atuam na área etc.
Dentre os motivos para o uso da droga, segundo Içami Tiba, estão:
- A simples curiosidade;
- Como uma aventura sem compromisso, dada a banalização de seu uso;
- Na busca do prazer sem preocupação com os riscos;
- Para o jovem mostrar perante seus amigos que é corajoso e destemido fazendo o que tiver vontade;
- Por imaginar que vai só experimentar sem se tornar um viciado;
- Por pensar que se usar uma vez só nada de mal lhe acontecerá;
- Por falhas na educação;
Por baixa autoestima, que faz o jovem absorver comportamentos indesejáveis de seus conviventes.
Os primeiros motivos dependem exclusivamente dos filhos, mas, nos dois últimos, os pais podem intervir e mudar o desfecho.
A identificação deve ser urgente porque, quanto antes o início do tratamento e do acompanhamento do usuário, maiores são as chances de recuperação. Na maioria das vezes, o usuário recusa ajuda e não se considera doente, e é importante e necessária nesse caso a procura por profissionais em busca de orientação para toda a família. É essencial que a ação seja conjunta por todos os membros: pais, irmãos, avós…, pois a estrutura familiar fica abalada e todos precisam de ajuda, todos adoecem juntos.
Outro ponto a ser considerado é que não basta atender e cuidar apenas dos filhos, mas também dos que convivem com ele. Afinal, vivemos em um mundo globalizado, onde o consumo de drogas está cada vez maior. A ordem é a busca pelo prazer com o menor esforço possível, sem levar em conta que o preço a ser pago pode ser muito alto: a morte.
Pelo prazer do usuário, toda a família paga o preço. A prevenção pode seguir muitos caminhos, todos válidos, mas nem todos os caminhos aplicam-se a todas as pessoas. Cada fase exige procedimentos diferentes e, como a Escola de Pais nos coloca, cada filho é único e com sua história.
O fato de sermos pais biológicos não nos capacita a educar bem nossos filhos, mas a todo momento podemos mudar e evoluir. Temos à disposição, por diferentes meios, de informação para nos orientar a proteger nossos filhos das drogas, o que pode ser alcançado em primeiro com a boa autoestima. O cuidado para proporcionar um vínculo familiar saudável levará nossos filhos a ter valores internos como disciplina, gratidão, religiosidade e ética bem desenvolvidos.
A educação preventiva inicia com três “C”: coerência, constância e consequência.
Coerência nas ordens dadas, em não exigir o que não se pode cumprir. O casal e/ou educadores devem estar de acordo com as atitudes relativas à educação dos filhos; um não pode desautorizar o outro.
Constância, ou seja, as atitudes não podem ser tomadas conforme o humor. O que é certo é certo para hoje e para amanhã.
Consequência é o resultado das atitudes tomadas, dos caminhos escolhidos.
Não somos infalíveis e nem estamos livres de passar pelo pesadelo do envolvimento de nossos filhos com drogas, mas a prevenção faz parte do investimento na família.
A família como um todo deve estar em primeiro lugar. Crianças e adolescentes devem estar cientes e convictos dessa afirmação. Se eles aprenderem o respeito por seus pais e semelhantes, também respeitarão a si mesmos, não se prejudicando e nem deixando que outros o façam.
(*) Marlene de Fátima Merege Pereira – Associada da Escola de Pais – Seccional de Curitiba [email protected]