Você já parou para pensar que o hoje é o amanhã de ontem, e será o ontem do amanhã?
Que no hoje não há o antes, nem o depois, mas sim o agora, e o agora se chama presente… E que o presente é o maior, mais valioso e verdadeiro presente que podemos dar ou receber do outro, para o outro e para nós mesmos?
Jogos de palavras à parte, para impulsionar uma reflexão gostaria de fazer uma pergunta – o que você está fazendo do seu presente nestes tempos de isolamento, distanciamento social e comunicação virtual?
Todos nós, sem exceção, estamos vivendo momentos que parecem uma “gangorra de sentimentos”. Há momentos que estamos bem e felizes pelo fato de estarmos em casa junto à família, e com saúde, e em outros momentos sentimos medo, insegurança e raiva de um vírus (algo tão microscópico) que nos tira a possibilidade de fazer planos, nos reunirmos com parentes e amigos, podermos trabalhar ou termos a possibilidade de vermos nossos filhos indo para a escola…
O importante nestes momentos é que possamos escutar os nossos próprios sentimentos e o das pessoas que estão junto a nós.
Quem já assistiu ao filme de animação Divertida Mente, do diretor americano Pete Docter, produzido pela Disney/Pixar em 2015, sabe do que estou falando, e aqueles que ainda não o assistiram fica a dica para assistir. Este filme mostra às crianças e a nós adultos o quanto a nossa mente convive com emoções diferentes em nosso dia a dia e que depende de nós e da nossa inteligência emocional termos mais momentos felizes reconhecendo e administrando os sentimentos de medo, raiva, tristeza, etc…, que possam surgir em nossa trajetória.
O que nos capacita a lidar de forma positiva com nossos sentimentos são nossas memórias afetivas e estas baseiam-se no desenvolvimento de competências socioemocionais.
O neurocientista Antônio Damásio, em seus estudos e pesquisas sobre o cérebro humano demonstra como as emoções e sentimentos são inseparáveis da razão humana. Por isso, para aprender, é preciso cuidar e semear sentimentos e emoções. Ele esclarece como as emoções e sentimentos influenciam as tomadas de decisões, a razão humana e a mente (Inventário Emocional – Família e Escola como Território de Afetos, de Jane Haddad e Regina Shudo, livro eletrônico baixado em amanaeducacional.com.br/downloads/inventario-emocional ).
Como Pais, Educadores – os adultos – à frente do processo de formação de nossas crianças, adolescentes e jovens, precisamos olhar para a nossa história pessoal e reconhecer quem somos. Identificar nossos pontos fortes e aqueles nos quais necessitamos de ajuda para melhorar a fim de garantir que possamos indicar às futuras gerações o melhor caminho a seguir.
Conhecer-se, apreciar-se e cuidas de sua saúde física e emocional passa a ser uma prioridade nos dias atuais, afinal só podemos oferecer aos outros aquilo que possuímos e se desejamos exercitar a empatia, a ajuda ao próximo precisamos iniciar respeitando-nos.
Mas como desenvolver estas competências? Não há outra forma a não ser através da relação com o outro, através do diálogo e do tempo dedicado ao outro.
Estar em casa, significa sentir-se bem neste espaço, apesar das diferenças que possam existir para com os gostos, preferências e necessidades de cada um que partilha o mesmo teto.
É hora de escrever a história de sua família. O hoje você decide.
(*) Marina de Fatima Debur Bernert, pedagoga pela UFPR e diretora do Centro de Educação Infantil Nosso Tempo