Ética, cidadania e justiça social são temas de suma importância desde sempre, não apenas para reflexão, mas também de vivência.
Mas quais aspectos abordar e como? Trata-se de um desafio tanto no papel de mãe como também atuando em um trabalho voluntário que objetiva o fortalecimento das famílias e a prevenção.
A família tem enfrentado muitos desafios atualmente. Entre esses desafios, estão passar e vivenciar a ética, exercer a cidadania e cuidar para que aconteça a justiça social.
Não podemos simplesmente fechar os olhos e seguir como se nada estivesse acontecendo. Nós, como pais e cidadãos, temos o compromisso de lutar por uma reversão dos desvalores, da intolerância e das injustiças instaladas em nosso cotidiano.
Ontem, hoje e sempre a família será muito importante nesse contexto. É na família que começa o processo de conscientização dos valores éticos, onde se aprende a respeitar os outros e a colaborar com eles. É da família que se espera a vivência da cidadania e a cultura da justiça social, o olhar para o outro.
A família é a primeira escola, o alicerce da sociedade e um grande tesouro a ser cuidado. É o melhor local para ensinar e vivenciar os ensinamentos no cotidiano, apesar de não mais deter a exclusividade da educação, dividindo-a com a escola e com o ambiente social. No entanto, a existência de outros meios de educação não implica na ausência de responsabilidade da família e em fazer das escolas um depósito de filhos com a função extra de exercer a função que é dos pais.
Quando se pensa em ética, surgem reflexões sobre os temas solidariedade, tolerância, responsabilidade, direitos e deveres. Alguma novidade? Creio que não. Falta apenas parar uns instantes e não se deixar levar apenas pelos acontecimentos, ou seja, necessária se faz a reflexão que leve a boas ações.
Mas, sabemos o que é ética e cidadania? Estes conceitos estão claros para nós? Ou somos apenas levados pela mídia e pelo modismo que, hoje, é somente colocar esses assuntos em pauta?
Penso que podemos dizer que a ação ética – bom costume – esteja ligada à intenção de cada um frente ao outro, seu semelhante. Isso requer princípios, escolhas de valores e um constante aprendizado. A ética só pode ser conhecida quando praticada.
A cidadania também pode ser conhecida na prática, no cumprimento dos deveres, na luta pelos direitos no trabalho, no lazer, na religião, na política etc.
A participação na coletividade de forma responsável leva ao exercício da plena cidadania. Como? Respeitando os idosos, seguindo as regras de um simples jogo com os filhos e/ou amigos, obedecendo às filas em ambientes sociais, coletando os excrementos de seus animais domésticos em locais públicos, descartando lixo em local adequado, conservando o patrimônio público, cuidando da natureza, respeitando as leis de trânsito, não fazendo ligações clandestinas de energia elétrica, água e TV a cabo, não dando mau exemplo na compra de coisas ilícitas e no não pagamento de impostos devidos são bons exemplos.
O exercício da ética e da cidadania, consequentemente, contribuirá para a justiça social.
Nós somos seres livres, autônomos, e nossas vidas são repletas de escolhas. Cuidemos para que estas escolhas favoreçam a transmissão de valores e de ações éticas em prol da justiça social.
Invistamos na conscientização e formação de nossos filhos sobre a necessidade de mudança na maneira de olhar, sentir e agir. Um exemplo concreto é participar de um voluntariado.
Para concluir esta reflexão, cito Paulo Freire: “Que a nossa presença no mundo, implicando escolha e decisão, não seja uma presença neutra. É porque podemos transformar o mundo, que estamos com ele e com os outros”.
(*) Marlene de Fátima Merege Pereira – Associada Escola de Pais do Brasil – Seccional de Curitiba/PR – [email protected]