Para alcançarmos a felicidade, para termos uma vida tranquila, para crescermos em nossos objetivos e conseguir bons relacionamentos é fundamental compreender e trabalhar nosso principal inimigo emocional: o medo.
O medo, quando sentido diante de uma ameaça real e presente, é natural e necessário; faz parte do nosso instinto de sobrevivência e, nesses casos, deveria chamar-se prudência.
Quando, porém, essa emoção é provocada pelos nossos pensamentos e é sentida a respeito de perigos imaginários, futuros ou difusos, estamos diante de um desequilíbrio psicológico e que nos causa profundo mal-estar. A maioria de nossos medos é dessa natureza, aparecendo nas mais diversas formas: insegurança, ciúmes, ansiedade, sensibilidade excessiva e preocupações etc.
O que se esconde atrás do medo? Qual a sua origem? Por que algumas pessoas têm mais medo do que outras? Normalmente, as raízes desse distúrbio estão nas vivências infantis do medo. Daí a importância de não educarmos nossos filhos por meio do temor. Castigos que amedrontam as crianças, como, por exemplo, deixá-las sozinhas no escuro ou trancadas são terrivelmente prejudiciais ao bom desenvolvimento psicológico.
Quando o medo é excessivo, toma formas mais graves. Infelizmente, é cada vez mais comum, na nossa sociedade, como a síndrome do pânico, o transtorno obsessivo-compulsivo, e é a base de nossos problemas emocionais e, muitas vezes, problemas psicossomáticos.
Todos nós já tivemos experiências de grande mal-estar físico diante de situações ou pessoas que tememos enfrentar. Além de rememorarmos os medos de nossa infância, a fim de compreender nossos temores atuais, nossas indecisões na vida, nosso acuamento diante dos problemas, é importante perceber de que maneira os alimentamos.
Pensar em situações catastróficas, pensar no futuro sempre de maneira negativa, assistir em excesso a filmes de suspense e de terror, apegar-se a notícias de crimes e outras violências são formas usuais e despercebidas de manter em sobressalto nossos corações e mentes.
Uma vez adultos, é nossa obrigação superar nossos bloqueios emocionais. Não podemos nos acomodar no medo, declará-lo passivamente e cruzar os braços diante dele, como se fosse inevitável e imutável.
O medo tem dois grandes inconvenientes na nossa vida. O primeiro deles é a distorção da realidade por ele provocada. Quando tomados pelo medo, vemos o mundo exageradamente perigoso. Uma pequena doença é vista como perigo de morte. Uma viagem de um filho já é prenúncio de assalto, de desastre. Um atraso do companheiro e já se pensa em traição, abandono. Por esse motivo, uma nossa leitora se sente tão sensível diante da crítica de pessoas de quem ela gosta. Por medo do medo, a crítica é vivenciada como perigo de separação e de desprezo.
O segundo inconveniente, talvez o mais grave, é a paralisação da vida. A existência, por sua própria natureza, é ação, é caminho, é desafio, é risco. Viver é assumir integralmente a possibilidade de cair, de errar, de perder, inerente às oportunidades também de ganhar, acertar, de ter sucesso. O maior de todos os riscos já corremos: foi termos nascido.
A vida exige de nós, com ou sem medo, disponibilidade para enfrentar os obstáculos naturais. Não faz, portanto, o menor sentido, outra leitora trair o seu desejo de vir estudar em Belo Horizonte, escondendo-se atrás “do medo de não saber enfrentar as situações difíceis que virão”.
Usamos de nossos medos para não agir. É como se o medo justificasse nossa acomodação. Uma estratégia para lidar com nossos medos é exatamente o contrário disso. Em vez de querer acabar com o medo para depois entrar em ação, devemos colocar nosso medo debaixo do braço e ir à luta. Ao agirmos, mesmo com medo, ele vai se dissipando pouco a pouco.
Pessoas amedrontadas, por outro lado, tendem ao fechamento do próprio mundo, a fim de se defender. Evitam, cada vez mais, sair de casa, perdem o contato com os amigos, diminuem os interesses sociais. E, paradoxalmente, o medo cresce assim. Expandir o mundo é o antídoto. Sair de casa, mesmo tremendo e de mãos frias, procurar amigos, abrir a guarda e aumentar os interesses vão nos mostrar que a maioria dos perigos está na nossa cabeça.
Outro ponto importante na superação do medo é observarmos as pessoas que aumentam ou produzem esse sentimento em nós, por meio da crítica sistemática, de ameaças e advertências. Evitar ou confrontar essas pessoas é necessário no caminho do crescimento emocional. Mesmo porque, ninguém tem o direito de nos colocar medo, pois o medo fecha nosso coração para o amor e alegria, únicos objetivos realmente importantes para viver.
(*) Antônio Roberto – Especialista em Relacionamento Comportamental e Interpessoal, Escritor, Palestrante